sábado, 11 de setembro de 2010

Lei Áurea (Regente dos Astros)















Lei Áurea (Regente dos Astros)



Lambe o sol minha retina espessa
e todo o claro que dormita o escuro
devaneia aos vagos.

Devasso!
Nada fere tanto
a negra face do cansaço:
        Ladrando ao quintal;

Lambe o sol..

Demente aurora,
         o tisco do punhal...

Oh, Vidas oscilantes!

Tudo se deflora
ao mesmo tempo em que se aflora.
 
A ta
ça com tristeza
é a que transborda de alegria;

Os lábios que apedrejam
poetizam, cariciam.

Oh prisão de ciclos,
vassalos dos astros!

Qual mão rebelde em risco
quebrantará o aço co`a tenaz da nova pena,

a Lei-da-Áurea-Boreal?

Pois tudo que vagueia espaço
retraindo, contraindo,
atraindo, distraindo...

São como alabastros
do reger transcendental.


CharleSanctus



...

Sinos de Maio





Perfume de prece nos ares de maio!
As flores campestres despertam do sono,
pequena grandeza elevada num trono
tal qual claridade invisível dum raio.

A chuva molhando o sol frio em desmaio
oscula em orvalho o fiel abandono,
pois tudo que medra despenca no outono
que passa trincando o seu cálice gaio.

Das flores ao tempo, ao vento dançante...
Que dizem as pétalas rijas que calam?
Não ouço o aflito suspiro rasante

no cheiro do corte que à morte exalam!
O campo é um tapete de cores pulsantes
que ao fim se evaporam, se extinguem, se alam.


 CharleSanctus



....

quarta-feira, 3 de março de 2010

Senil Compressão Fiosófica

Entravam 
pelo brilho da janela
senis inquirições;

Minha face de madeira
falava aos móveis...
Mudava os objetos
na espera das mudanças.

Entre a sala,
dois receios vis
formando um uni-verso:
“Ser ou não ser...” e “Ser o não-ser...”

Sussurrava na entranha um grito
e na chaleira
transpirava a borra.

“Seria o tal retrato sobre a mesa,
ou a moldura de miragens
Na parede?”

Não importava mais.

A ladradura continuava...

Nada calaria a antiga mordaça
de nunca ter sido.




CharleSanctus

terça-feira, 2 de março de 2010

ÃMOR (do prazer carnal)


Da casca espessa em lacre,
selo amargo;
Coração maduro
de desejos inflamados.

Onde a língua forja o gosto,
o gozo forja a talo.

Carne altiva,
                 favos;
Boca ardente,
fruto em chama,

que sorve
deflorando
lábil aroma
das manhãs...

E a  romã,
           de dor

transcende a sua flor
por entre-lábios...

(A “flor” qual os mortais
chamam de “insano”).



CharleSanctus

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Olhando pela Janela





E Hoje já não mais aquele riso
utópico e falaz da juventude,
perante acalentados alaúdes
e odes defloradas à Narciso.

Agora nem inferno ou paraíso
e nada das profundas plenitudes...
Somente o vil fantasma, a solitude
lalando em meus ouvidos indecisos.

Pois olho tais paisagens montanhosas
não mais co’aquele olhar contemplativo,
mas como quem procura algum motivo

por traz das mesmas formas vaporosas...
Talvez uma razão para estar vivo...
Ou qualquer coisa ainda valorosa.








Charlesanctus

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Perfume da Partida (Para Sara)





Se o tempo arranca as pétalas da idade
aos beijos embalados na garoa;
Consagra também, rosas na coroa
acima da poetiza em beldade.

A luz consome a vela em claridade
e o estro iluminado à fronte voa...
A cera lacrimosa se amontoa
ao corpo lapidado de saudade.

Ao tempo tudo escorre à toda sorte
e a vida marcha em frente alheia às dores;
O fim ressoa sempre assim mais forte!

Embora os orvalhados campos, flores
tão mesmo ante o crepúsculo da morte,
exalam seus perfumes entre as cores.


Charles Sanctus

sábado, 18 de julho de 2009

Transcendental




























-O peso que temos sobre as asas
flui com leveza na pena do poeta. (lisa Köe)



Se todo o verbo quente se derrama
do vão que segue as linhas do universo;
E os vasos dos ouvidos se inflamam
na sede de ciencia desses versos...

Se a alma dilatada se engrandece
e ao subito defeito da matéria
eleva seu poema feito em prece
e logo acende as vias das artérias...

Então que há de santo no poeta,
que grita no seu leito em desatino?
Só pinta a sua dor feito um menino;

E chora... Mas com a brisa se aquieta...
Só traz no seu anseio vulturino,
um sonho inatingível como meta.


Charlesanctus

Em Algum Lugar o Crepúsculo...




O teu distante olhar divaga ausente,
domado por anseios dominantes;
Tangência dum corcel gris fulminante
aos campos das tulipas atraentes...

Fareja o gozo efêmero, o presente
ou sonha ainda vida ao raro instante?!
Assopra o dia, vento oscilante
e tudo esvai na brisa do repente.

Talvez nem veja a imagem... Oh insonte!
À borda hemisférica defronte
em sua carruagem magestosa...

Nem sinta a mão suave e vaporosa
passar por tua face nebulosa...
Cair aos pés do vago horizonte.



Charlesanctus

O Libertino




Recuso ser assim tao decadente,
doente de moral ao ser humano;
Pois quero é roçar num céu profano,
beber na taça a alma ainda quente.

Não quero essa medida do decente,
por mais que em devaneio leviano
oscule o mais sagrado, o puritano
co’os lábios venenosos da serpente.

Devasso ante os preceitos decaídos?
Nem tanto! Apenas clamo liberdade...
Romântico que sonha sonhos idos,

no cárcere do corpo em tenra idade;
Que não pretende ser absolvido
e nem julgado a essa tal verdade.






Charles Sanctus

Que Seja Louvada a Poesia


























Poema em si só faz algum sentido
se lido por alguém, se contemplado...
Se ao vento doutro cais for declamado
por mesmo que nem seja compreendido.

Não há barulho sem que haja ouvido,
nem há clareza aos olhos, se fechados;
Não soa o violino, se encostado
à sombra, noutro canto esquecido.

Pois feito a asa à ave e a rima ao verso,
é tal louvor à lira que se clama,
pois nele esse poeta é submerso

ungido pelo ardente lume em chama...
Penetra nos segredos do universo,
desvela o céu nas rosas que declama.




Charlesanctus