quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Olhando pela Janela





E Hoje já não mais aquele riso
utópico e falaz da juventude,
perante acalentados alaúdes
e odes defloradas à Narciso.

Agora nem inferno ou paraíso
e nada das profundas plenitudes...
Somente o vil fantasma, a solitude
lalando em meus ouvidos indecisos.

Pois olho tais paisagens montanhosas
não mais co’aquele olhar contemplativo,
mas como quem procura algum motivo

por traz das mesmas formas vaporosas...
Talvez uma razão para estar vivo...
Ou qualquer coisa ainda valorosa.








Charlesanctus

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Perfume da Partida (Para Sara)





Se o tempo arranca as pétalas da idade
aos beijos embalados na garoa;
Consagra também, rosas na coroa
acima da poetiza em beldade.

A luz consome a vela em claridade
e o estro iluminado à fronte voa...
A cera lacrimosa se amontoa
ao corpo lapidado de saudade.

Ao tempo tudo escorre à toda sorte
e a vida marcha em frente alheia às dores;
O fim ressoa sempre assim mais forte!

Embora os orvalhados campos, flores
tão mesmo ante o crepúsculo da morte,
exalam seus perfumes entre as cores.


Charles Sanctus

sábado, 18 de julho de 2009

Transcendental




























-O peso que temos sobre as asas
flui com leveza na pena do poeta. (lisa Köe)



Se todo o verbo quente se derrama
do vão que segue as linhas do universo;
E os vasos dos ouvidos se inflamam
na sede de ciencia desses versos...

Se a alma dilatada se engrandece
e ao subito defeito da matéria
eleva seu poema feito em prece
e logo acende as vias das artérias...

Então que há de santo no poeta,
que grita no seu leito em desatino?
Só pinta a sua dor feito um menino;

E chora... Mas com a brisa se aquieta...
Só traz no seu anseio vulturino,
um sonho inatingível como meta.


Charlesanctus

Em Algum Lugar o Crepúsculo...




O teu distante olhar divaga ausente,
domado por anseios dominantes;
Tangência dum corcel gris fulminante
aos campos das tulipas atraentes...

Fareja o gozo efêmero, o presente
ou sonha ainda vida ao raro instante?!
Assopra o dia, vento oscilante
e tudo esvai na brisa do repente.

Talvez nem veja a imagem... Oh insonte!
À borda hemisférica defronte
em sua carruagem magestosa...

Nem sinta a mão suave e vaporosa
passar por tua face nebulosa...
Cair aos pés do vago horizonte.



Charlesanctus

O Libertino




Recuso ser assim tao decadente,
doente de moral ao ser humano;
Pois quero é roçar num céu profano,
beber na taça a alma ainda quente.

Não quero essa medida do decente,
por mais que em devaneio leviano
oscule o mais sagrado, o puritano
co’os lábios venenosos da serpente.

Devasso ante os preceitos decaídos?
Nem tanto! Apenas clamo liberdade...
Romântico que sonha sonhos idos,

no cárcere do corpo em tenra idade;
Que não pretende ser absolvido
e nem julgado a essa tal verdade.






Charles Sanctus

Que Seja Louvada a Poesia


























Poema em si só faz algum sentido
se lido por alguém, se contemplado...
Se ao vento doutro cais for declamado
por mesmo que nem seja compreendido.

Não há barulho sem que haja ouvido,
nem há clareza aos olhos, se fechados;
Não soa o violino, se encostado
à sombra, noutro canto esquecido.

Pois feito a asa à ave e a rima ao verso,
é tal louvor à lira que se clama,
pois nele esse poeta é submerso

ungido pelo ardente lume em chama...
Penetra nos segredos do universo,
desvela o céu nas rosas que declama.




Charlesanctus